surrealismo

terça-feira, 23 de novembro de 2010

A Segunda Guerra Mundial

A Segunda Guerra Mundial provou ser disruptiva para o Surrealismo. Os artistas continuaram com suas obras, incluindo Magritte. Muitos membros do movimento continuaram a se corresponder e se encontrar. Em 1960, Magritte, Duchamp, Ernst e Man Ray se encontraram em Paris. Apesar de Dali não mais se comunicar com Breton, ele não abandonou seus motivos dos anos 30, incluindo referências a sua obra Persistência do Tempo em uma obra posterior.

O trabalho de Magritte se tornou mais realista na sua representação de objetos reais, enquanto mantinha o elemento de justaposição, como em sua obra Valores Pessoais (1951) e Império da Luz (1954). Magritte continuou a produzir obras que entraram para o vocabulário artístico, como Castelo nos Pireneus, que faz uma referência a Voix de 1931, na sua suspensão sobre a paisagem. Algumas personalidades do movimento Surrealista foram expulsas e vários destes artistas, como Roberto Mattam continuaram próximo ao Surrealismo como ele mesmo se definiu.

Cinema Surrealista

No início das décadas de 1920 e 1930 duas tendências se confrontavam no cinema, sendo uma chamada de cinema gráfico e a outra de cinema subjetivo.


A primeira possuía uma relação direta com a linguagem pictórica, da busca pela construção de um texto visual. Esta tendência repudiava o modo que a fotografia facilmente representava as coisas do mundo e, propendendo à recursos retóricos explícitos, utilizava de efeitos especiais assim como propunha experiências sinestésicas que se utilizavam de cores, sons, etc. Já a outra vertente, a chamada de cinema subjetivo, evitava a utilização de tais recursos e não repudiava a fotografia. Procurava criar representações por retóricas implícitas, a imagem fotográfica era usada para construção de metáforas, assim como a montagem era usada para produzir no espectador uma visão não familiar do mundo. Sua intenção era garantir deste modo a estruturação de mensagens com sentidos polivalentes.

É neste contexto que o cinema surrealista define suas principais características. Os surrealistas pouco se interessavam pelos filmes gráficos ou abstratos, como também pouco se importavam com a técnica, os jogos de luz e sombra, a montagem rítmica e outras preocupações dos cinemas da época. Estruturavam seus filmes de forma não-linear, mostravam uma realidade para incutir estranhamento, em uma outra perspectiva, algumas vezes cruel. O foco estava na mensagem, não para que fosse captada diretamente, mas que o leitor construísse leituras em seu subconsciente.
A estética estava na não-preocupação com estética e outras racionalidades, que eram tidas como irrelevantes pelos surrealistas.

Acreditavam que limitar a representação das coisas aos moldes da consciência era restringir de maneira intolerável a liberdade. Em seus filmes, emergiam imagens reprimidas e traumas de diversos tipos, trabalhavam o inconsciente de forma automatista consciente. Não procurando narrar especificamente um sonho, apesar de se aproveitarem de um mecanismo análogo ao dos sonhos.

André Breton opunha-se a repressões e outras amarras da socieda- de, indo contra, principalmente, o modo conservador de significação de signos impostos pela sociedade. Em seu primeiro manifesto surrealista critica os lugares-comuns, a mania reducionista de tornar o desconhecido em conhecido, mostrando, pela psicanálise Freudiana, que o sonho é uma parte psíquica considerável que não poderia ser ignorada como estava sendo. A partir disto, gera quatro parágrafos de refexão acerca disto:

1º) O sonho é contínuo e possui traços de organização. Porém, a
memória faz cortes, não leva em conta as transições;

2º) O estado de vigília, que é uma interrupção do sono, causa uma
estranha tendência à desorientação;

3º) O espírito humano se satisfaz plenamente durante o sonho, é
inapreciável temos facilidade a tudo;

4º) Por fim, Breton acredita que a resolução destes dois estados, o sonho e a realidade, possam ser resolvidos numa espécie de realidade absoluta, que ele denomina como surrealidade.
Partindo de tais preceitos, analisamos que o filme surrealista demonstra claramente esta incerteza entre o sonho e a realidade,